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Entrevista | Projeto de US$ 360 milhões irá elevar qualidade de vida no litoral catarinense, avalia Paulinho Bornhausen

Por: Marcos Schettini
06/09/2023 16:07 - Atualizado em 06/09/2023 16:11
Divulgação

Paulinho Bornhausen, quando secretário de Desenvolvimento Econômico de Santa Catarina, na década passada, deixou uma das principais digitais do projeto do túnel entre Itajaí e Navegantes, que vai englobar um pioneiro e inteligente transporte público intermunicipal 100% elétrico entre as 11 cidades da Associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí (AMFRI), inclusive com possível ligação por VLP ao Aeroporto Ministro Victor Konder.

Após anos de dedicação de um grupo de prefeitos, professores, profissionais da engenharia e diversas lideranças políticas, o projeto estimado em US$ 360 milhões está sendo preparado para ser executado. São 120 milhões de dólares de investimento público, sendo 90 milhões financiados pelo Banco Mundial e 30 milhões de contrapartida dos municípios, somados aos investimentos na construção do túnel, que será uma PPP, com cifras que giram em torno de 220 milhões de dólares.

Liderança próxima das tratativas do complexo e pioneiro projeto de infraestrutura no Brasil, o ex-deputado federal Paulinho Bornhausen, em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, afirma que as obras para a implantação do transporte público 100% elétrico intermunicipal estão previstas para serem realizadas num prazo de 2 anos a partir da ordem de serviço e 5 anos para a conclusão da travessia por túnel.

Além disso, Paulo Bornhausen analisa que a obra é aguardada por mais de um milhão de catarinenses e vai melhorar a qualidade de vida dos moradores da região, bem como dos milhões de turistas que frequentam estas cidades. Também, falou sobre seu futuro político e eleições 2024. Confira:


Marcos Schettini: O Sr. teve uma excelente notícia na semana passada. Qual foi ela?

Paulinho Bornhausen: Participamos de uma reunião na CCR Aeroportos, que tem a concessão do Aeroporto Min. Victor Konder/Navegantes. Acompanhando o secretário Beto Martins e os prefeitos Paulinho, de Bombinhas, e Liba, de Navegantes, recebemos a confirmação que a CCR está determinada a construir a segunda pista e, depois da apresentação do projeto InovAmfri/Promobis, que os impressionou positivamente, ficou definido o início dos estudos para integrar o futuro VLP ao novo terminal de passageiros também. Isso se transformará numa vitória dupla! Uma transformação maiúscula para a mobilidade da região da AMFRI e um salto na qualidade de vida e na produtividade também.


Schettini: Um empreendimento desta altura traz quais benefícios para SC?

Paulinho Bornhausen: Especificamente, o projeto InovAmfri/Promobis é um divisor de águas para a mobilidade a nível internacional e nacional. É um projeto inédito. O primeiro no mundo apoiado pelo Banco Mundial a ser realizado por um consórcio de municípios, interligando 11 cidades com transporte público 100% elétrico, ônibus urbanos e VLPs que circularão em calhas exclusivas entre Camboriú e Navegantes. Através da construção de um túnel, será aberta uma nova interligação entre Itajaí e Navegantes, sonho antigo de quem vive nessas cidades. Será complementado por uma rede de ciclovias, pontos de micro mobilidade elétrica e ruas 30 km espalhadas por toda a região. Santa Catarina mais uma vez dará o exemplo e liderará uma transformação única de mobilidade regional no país.



Projeto do túnel entre Itajaí e Navegantes irá receber investimentos bilionários (Foto: Divulgação/Cronic Digital)

Schettini: Quais são as áreas que terão investimentos e o que isso implica no desenvolvimento direto e indireto?

Paulinho Bornhausen: Os efeitos de um projeto estruturante como esse são enormes e duradouros. A começar pelo atendimento à população dos 11 municípios. As pessoas poderão se deslocar com conforto, previsibilidade, agilidade e tarifas justas entre os municípios. Hoje em dia, uma missão impossível. A partir daí, as pessoas poderão dispor de mais tempo para suas famílias e para o lazer. Irá ocorrer também um aumento de produtividade e a consequente atração de novos empreendedores e negócios para nossa região. O turismo e os turistas também irão se beneficiar muito. A dinâmica econômica como um todo sairá ganhando. Teremos um novo círculo econômico virtuoso na região que influenciará o Estado como um todo. Florianópolis, através do dinâmico prefeito Topázio, Blumenau e Joinville já estão se movimentando na direção dessa solução pioneira, contando com a parceria do Sebrae/SC com o programa Cidades Empreendedoras.

Schettini: O Banco Mundial e iniciativa privada investem em desenvolvimento de alto custo. Quanto tudo isso custa?

Paulinho Bornhausen: O investimento público será de 120 milhões de dólares. 90 milhões financiados pelo Banco Mundial (BIRD) e 30 milhões de contrapartida dos municípios. Mais os investimentos na construção do túnel, que será uma PPP aonde serão alocados em torno de 220 milhões de dólares. Portanto estamos falando de um investimento direto total de aproximadamente 340 milhões de dólares. As obras para a implantação do transporte público 100% elétrico intermunicipal estão previstas para serem realizadas num prazo de 2 anos a partir da ordem de serviço. E em 5 anos para a conclusão da travessia por túnel.


Schettini: O Sr. disse que ninguém acreditava neste empreendimento. É por que tudo no Brasil é muito lento?

Paulinho Bornhausen: O projeto InovAmfri iniciou em 2015. Os prefeitos da AMFRI à época, liderados pela prefeita Paulinha, adotaram um projeto que apresentamos à região a pedido deles. Numa parceria com o engenheiro João Luís Demantova apresentamos três propostas de ação: formação de líderes públicos para gestão de qualidade, desenvolvimento sustentável e mobilidade regional. O foco principal era o empoderamento regional, ou seja, deixar de imaginar e esperar que os governos estadual e federal viessem nos socorrer para resolvermos nossos problemas. O projeto InovAmfri nasceu para respondermos aos nossos desafios locais através de capacitação, planejamento e de capacidade de execução. Daí nasceu o Promobis. Diagnóstico e planejamento locais. À época, o governador Colombo apoiou financeiramente o início dos trabalhos. Quando o projeto de mobilidade ficou pronto, inspirado em Portland (EUA) e Barcelona (Espanha), procuramos o Banco Mundial, que acabou abraçando e alocando mais recursos a fundo perdido para aprimorá-lo. No início poucos acreditavam. Havia um certo ceticismo por parte da mídia e de certos setores da comunidade. Mas os prefeitos foram firmes e determinados. E o projeto seguiu até aqui. Pronto para ser executado. Destaco a participação decisiva do prefeito Fabrício de Oliveira quando exerceu a presidência da AMFRI e também do atual presidente Paulinho, de Bombinhas, que não tem medido esforços para completar o ciclo burocrático e dar início às obras. Ressaltando a maturidade dos nossos líderes políticos de todas as cidades, em todas as esferas. Acima de partidos e questões menores, tornaram o InovAmfri/Promobi irreversível.

Schettini: Vai ser semelhante ao túnel que liga Paris a Londres?

Paulinho Bornhausen: O Túnel Itajaí/Navegantes é a joia da coroa. A interligação mais esperada pelos quase um milhão de moradores e também dos milhões de turistas que frequentam a região. Uma obra de engenharia complexa e única no país. Uma verdadeira ponte de safena numa região colapsada na sua mobilidade por conta da leniência histórica do Governo Federal com Santa Catarina.


Schettini: Qual seu interesse em tudo isso?

Paulinho Bornhausen: Ajudar meu Estado e a nossa gente. Adquiri experiência em liderar o desenvolvimento de projetos complexos quando fui secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável entre 2011/14. Idealizei e liderei com uma equipe competente o Programa Catarinense de Inovação com a implantação dos Centros Regionais Inovação. Soma-se a isso também a conquista da BMW e a atração da The Ocean Race para Itajaí. Essas etapas vencidas me proporcionaram conhecimento e confiança para encarrar novos e maiores desafios. O Projeto InovAmfri é fruto disso. É um sonho de muitos em criar um empoderamento regional. Mostrar que é possível uma mudança de comportamento. Deixar de mendigar migalhas em Brasília e Florianópolis e resolver nossos desafios através dos municípios e regiões organizadas. Ressaltando que a ajuda estadual e federal será sempre bem-vinda. Mas quem decide a agenda é a região. Sou guiado por visão larga, propósito e espírito público. Isso me move.

Schettini: Quem foram as lideranças que abraçaram esta ideia?

Paulinho Bornhausen: Foram muitas pessoas. Todos os prefeitos lideraram a favor do projeto. Sem exceção! Muitas entidades também se posicionaram a favor desde o início. Destaque para Univali. Sem a sua parceria não teria sido possível a concretização do sonho. Na verdade, no fundo, todos torciam para dar certo. Até os que duvidavam. Quando o tema é bom e necessário, tudo e todos conspiram a favor.


Schettini: E seu futuro político? Terminou?

Paulinho Bornhausen: Continuo participando da política. Integro a Executiva Estadual do PSD. Dessa posição vou ajudando e acompanhando o desenrolar dos fatos políticos. Tenho quatro mandatos de deputado que muito me honram. Aprendi a ganhar e a perder eleições sem perder a dignidade e o caráter. Procurando sempre honrar a minha tradição política. Desejo continuar ajudando sempre da melhor forma meu Estado e meu país. Enquanto for útil.


Schettini: A economia está reagindo bem e isso vai ter influência nas eleições. Qual o tamanho disso?

Paulinho Bornhausen: Todos torcemos para a economia melhorar. Penso que existe uma conjuntura mundial muito complexa e difícil, mas que ao mesmo tempo abre uma ótima janela de oportunidade para o nosso país. Não sei dizer se iremos aproveitar ou não a oportunidade. Somos o celeiro do mundo, potência ambiental e o único país continental que possui uma matriz energética predominante limpa. Além de sermos uma democracia consolidada. O que depõe contra é termos um governo retrógrado na economia e gastador ao extremo. Isso poderá comprometer muito nosso futuro. Quanto às eleições, penso que a questão econômica é sempre relevante no humor do eleitor. Mas eleições municipais têm agendas e personagens mais locais. A influência nacional é sempre menor. A conferir em 2024.


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